Narrativas orais sobre índios xukurus deram a tônica de evento no Memorial da Justiça do Trabalho

24 Set 2015 | 0 comentario

O Memorial da Justiça do Trabalho de Pernambuco promoveu na tarde desta terça-feira (22), dentro da 9ª Primavera dos Museus, uma discussão a respeito de narrativas simbólicas da cultura indígena. Como principal foco, uma abordagem sobre a tribo xukuru, estabelecida numa área de terra demarcada entre os municípios de Pesqueira e Poção, no Agreste do estado. Para debater o assunto foram convidados os especialistas Edison Silva e o Hildo Leal da Rosa, respectivamente professor doutor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Arquivo Público de Pernambuco.

“Organizamos o evento especialmente para promover a inclusão e o reconhecimento da importância desse segmento que historicamente sofre com a ocupação do seu território, além de ter sido perseguido, castigado e escravizado. O Brasil é conhecido pela sua diversidade e é preciso respeitar a história dos povos indígenas para reconhecer e valorizar a identidade com as nossas raízes”, comentou Marcília Gama, gestora do Memorial, órgão do Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco (TRT-PE).

Um dos principais nomes da história indígena no país, Edison Silva compartilhou suas impressões a partir dos depoimentos de anciões xukurus da Serra Ororubá, que formam a quinta tribo mais populosa do Brasil. “Trabalhamos a história das pessoas comuns recuperadas pelas narrativas orais. Ao resgatar suas memórias mais antigas, por exemplo, Juvêncio Balbino, da Aldeia Cana Braba, na época com 76 anos, relatou o processo de invasão e da tomada à força do terreno dos índios. Já Gercino Balbino, com 80 anos, da Aldeia Pedra D’Água, lembrou o trabalho na enxada com seis anos de idade, quando ganhava seis tostões por mês, a metade paga a um adulto”, apontou.

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O especialista ainda destacou que não é possível falar em uma história indígena. “Assim como não é em relação às mulheres e crianças, entre outras. A história é um jogo de relações sociais, não existe ninguém isolado. As pessoas estão na história a dos índios na região se cruza com outras, como os fazendeiros, os colonizadores e até com a dos negros escravizados trazidos para a região”, detalhou Silva.

Hildo Rosa, gestor do Arquivo Público do estado, enfatizou a importância do resgate e da relevância da manutenção documental. Ele ainda abordou a criação do Memorial Severina Paraíso da Silva, instalado dentro do Terreiro Xambá, na comunidade Portão de Gelo, em Olinda. O espaço leva o nome da líder religiosa conhecida como Mãe Biu, responsável pela condução dos trabalhos na casa por cerca de 50 anos. “É modesto e simples, mas o primeiro e único museu no país dentro de uma comunidade religiosa de candomblé”, ressaltou.

Mais –A 9ª Primavera dos Museus é promovida nacionalmente entre os dias 21 e 25 de setembro pelo Ibran – Instituto Brasileiro de Museus. O segundo dia de evento no Memorial da Justiça do Trabalho foi prestigiado pela desembargadora Nise Pedroso, vice-ouvidora do TRT-PE, que também representou a desembargadora presidente da instituição, Gisane Barbosa de Araújo.

As discussões também foram acompanhadas por servidores do Regional e docentes e estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio Porto Digital, localizada no Recife. A programação segue até a próxima sexta-feira (25), sempre à tarde, com mais debates, oficinas, mostra de curtas e exposição iconográfica.

ConfiraAQUI a íntegra da programação.

Serviço:

9ª Primavera dos Museus

Período: de 21 a 25 de setembro

Horário: 14h às 16h

Local: Memorial da Justiça do Trabalho (Avenida Engenheiro Domingos Ferreira, 3510, Boa Viagem),

Inscrições:memorial@trt6.jus.br

Informações: (81) 3326.8136

Texto:Larissa Correia

Fotos:Elysangela Freitas

Fonte : TRT6

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