Comemorando uma década de existência, o Memorial da Justiça do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-PE) está realizando programação durante a 17ª Semana Nacional de Museus. As atividades se estendem do dia 15 ao dia 17 de maio.
Durante a abertura, que aconteceu na tarde dessa quarta-feira (15), na sede da entidade, na Avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem, Recife-PE, o presidente do TRT-PE, desembargador Valdir Carvalho, citou o escritor norte-americano Frank Lloyd: “O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã. Nela, repousa a esperança”, dando em seguida as boas-vindas a todos os que estavam prestigiando o evento. Registrou, ainda, agradecimento à desembargadora aposentada Josélia Morais da Costa, em cuja gestão do Regional (2007-2009), foi criado o Memorial da Justiça do Trabalho, que se transformaria no atual museu.
“No mais, quero lhes dizer que sou daqueles que muito valoriza a preservação das tradições por entender que os indivíduos constroem suas tradições, expressas no seu modo de viver e pensar, através do processo de resgate da memória”, continuou o desembargador presidente. E concluiu, mencionando o pensamento de Einstein: “Além das aptidões e das qualidades herdadas, é a tradição que faz de nós aquilo que somos”.
Na programação do dia 15, após explanação da chefe do Memorial da Justiça do Trabalho da 6ª Região, Marcília Gama, que destacou o caminho percorrido pelo Memorial, contemplado desde 2012 com o certificado “Memória do Mundo”, conferido pela Unesco, as desembargadoras Josélia Morais e Eneida Melo, que presidiu o Regional entre 2009 e 2011, dirigiram uma roda de diálogo, historiando o processo de criação e desenvolvimento do museu.
A desembargadora Josélia Morais lembrou um evento realizado no Recife, que favoreceu a ambiência para instituição do futuro museu. “Em setembro de 2008, sediamos o III Encontro Nacional da Justiça do Trabalho”. Ao final do encontro, que teve como tema “Justiça do Trabalho, memória documental e história”, foi criado o selo da memória, para identificação de partes integrantes de processos trabalhistas avaliadas como de relevância histórica. Após o evento, tomou forma a ideia de instituição do Memorial. “A partir desse vitorioso evento, recebo a sugestão de Eneida para instalação do Memorial da 6ª Região, e, já no final do meu mandato, que ocorreria em fevereiro de 2009, meu propósito foi inaugurá-lo”. O Memorial foi criado em 15 de janeiro de 2009.
“Podemos constatar, portanto, que em sua primeira década de existência, o Memorial da Justiça do Trabalho da 6ª Região vem atingindo a sua finalidade, abrigando e divulgado a história permanente da 1ª e 2ª instâncias, que compõe a sua memória administrativa e jurisdicional”, arrematou a desembargadora Josélia Morais.
Em sua fala, a desembargadora Eneida Melo destacou que “Um dos aspectos peculiares de manifestação da cidadania, portanto, diz respeito ao direito de ter acesso à informação, à formação da memória, para que essa construa sua história”, continuando: “No plano dos direitos sociais, em particular dos direitos trabalhistas, pode-se afirmar que a cidadania e a memória são pilares indispensáveis para se conhecer, conservar e contar a história da Justiça do Trabalho”. Impulsionadora da preservação da memória do Judiciário trabalhista e do TRT-PE em especial, a desembargadora Eneida Melo é presidente da Câmara Técnica de Gestão da Memória e Pesquisa e diretora regional do Fórum Nacional Permanente em Defesa da Memória da Justiça do Trabalho (Memojutra).
Por fim, a desembargadora Eneida Melo enfatiza a importância da preservação da memória da sociedade. “Pretendo fazer uma referência temporal à criação de um direito à memória. Ângela Maria de Casto Gomes indica que, entre as décadas de 1970/80, constata-se forte mobilização internacional, a partir da Europa, que alcança com destaque a América latina, no sentido de não destruir a memória de um povo, bem como as conseqüências políticas e culturais do esquecimento”, finalizou.
Último conferencista da tarde, o professor do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco Antônio Torres Montenegro ministrou a palestra “ Processos Trabalhistas do TRT da 6ª Região: história e memória em tempos de negacionismo”. Em sua explanação, Montenegro narrou o panorama social e histórico, das décadas de 40, 50 e 60, relacionando conflitos trabalhistas e o surgimento e ampliação das varas do trabalho do Regional pernambucano. “Nos anos sessenta entra em cena uma nova personagem: o trabalhador rural da zona canavieira”. Nessa década, são criadas varas instaladas na Zona da Mata.
Chefe do Museu do TRT-PE, a historiadora Marcília Gama entregou placa de homenagem a diversas personalidades que contribuíram para a difusão e consolidação da entidade de preservação da memória. Dentre os agraciados, as desembargadoras Ana Schuler, Josélia Morais e Gisane Araújo; o desembargador aposentado Ivanildo Andrade e os desembargadores Valdir Carvalho, Ivan Valença e Paulo Alcântara; o presidente da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), Ricardo Leitão.
No encerramento, houve uma apresentação cultural com o servidor do TRT-PE, poeta Eugenio Jerônimo, e o percussionista Cristiano Ferraz.
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