Processos amarelados pelo tempo, um memorial com objetos históricos, além de imagens que contam a trajetória dos quase 80 anos de existência da Justiça do Trabalho em Mato Grosso. Esses e outros itens serão contemplados com o projeto que irá disponibilizar um museu virtual 360º no site do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (TRT23).
A ideia surgiu em meio ao distanciamento social causado pela pandemia e ganhou ainda mais importância no contexto da Semana Nacional da Memória da Justiça do Trabalho, que ocorreu até a última sexta-feira (25/9). O Memorial do Tribunal entrou em funcionamento em dezembro de 2017, durante a gestão da desembargadora Beatriz Theodoro, atual gestora nacional e representante da região Centro-Oeste do Comitê de Resgate da Memória Nacional da Justiça do Trabalho.
“Inspirado na dinâmica de grandes museus ao redor do planeta, o tour virtual pelo memorial do Tribunal do Trabalho da 23ª Região democratizará o acesso ao conhecimento e propagará a história desta instituição, de grande relevância na construção da justiça social no estado de Mato Grosso” explica a magistrada. O projeto prevê ainda que as pessoas façam a linha do tempo do Tribunal, por meio de fotos de fatos ocorridos ao longo dos anos, a começar com a instalação da 1ª Junta de Conciliação e Julgamento do estado, ocorrida em 1941, em Cuiabá.
Outras ações
Em Mato Grosso, o TRT23 realiza uma série de ações para preservar a memória da instituição. Uma delas é a guarda de processos históricos no Arquivo Geral do Tribunal. O local, repleto de caixas e documentos, possui verdadeiros tesouros históricos, como os autos de uma das primeiras ações na Justiça do Trabalho no estado.
No processo, é possível conferir até mesmo o passaporte e a carteira de trabalho do reclamante, um boêmio português, inadvertidamente deixados na Justiça do Trabalho. Ele saiu do Rio de Janeiro para trabalhar em uma empresa de construção, setor que até hoje emprega milhares de pessoas na capital.
Segundo o coordenador da Seção de Gestão Documental, Luiz Henrique Caparelli, o Arquivo Geral conta com cerca de 15 mil processos de guarda permanente. Entre esses processos há muitos casos interessantes, como ações que envolveram o poeta Silva Freire, a dupla sertaneja Milionário e José Rico, o piloto Emerson Fittipaldi e muitas outras personalidades e figuras históricas.
No local, há processos de trabalhadores que ajudaram a transformar Cuiabá em uma metrópole, outros que mostram evoluções tecnológicas da sociedade e suas consequências no mercado de trabalho e ainda aqueles que tratam de temas importantes para o judiciário trabalhista, como os acidentes de trabalho, o combate ao trabalho análogo ao escravo e infantil, bem como o enfrentamento da discriminação e do assédio moral e sexual.
Essas e outras história foram contadas na obra “Foi Assim… Vidas, olhares e personagens por trás dos processos trabalhistas em Mato Grosso”, lançada em dezembro de 2017 para comemorar os 25 anos da Justiça do Trabalho em Mato Grosso.
Semana da Memória
A Semana da Memória é organizada anualmente pelo Tribunal Superior do Trabalho. A cada ano, um tema diferente, em referência à Justiça do Trabalho, é apresentado e divulgado por meio de exposições na sede do órgão, em Brasília.
Para a gestora nacional, Beatriz Theodoro, ações como essas desenvolvidas pelo Comitê da Memória da Justiça do Trabalho servem para manter o vínculo com o passado, “pois é fundamental que a sociedade interprete os fatos pretéritos com atenção e senso crítico de modo a assegurar o desenvolvimento da humanidade com responsabilidade, resguardando os direitos fundamentais de seus cidadãos”.
Fonte:cnj/proname
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